Monday, January 07, 2008

As sete chaves de Orlög

O pequeno mestre viajava pelos ares, mas de nada se apercebia, a sua anestesia temporária rejeitava todos os elementos, todo o tempo. O tempo que não podia ver, ouvir, pesar, o tempo que não podia dividir e desenvolver num laboratório. É um sentimento sentido de nos transformarmos no que somos em vez do que éramos há um segundo atrás, transformarmo-nos no que seremos noutro segundo. O pequeno mestre equiparava-se aos hopis na sua maneira de ver o tempo, via-o como uma paisagem, está atrás e à frente de nós. Soou um alarme, o seu relógio mede-se a si próprio, o objectivo do seu relógio é outro relógio.

E o que era o pequeno mestre no nanossegundo anterior? O seu relógio teria que dar uns consideráveis passos atrás, onde encontraríamos o brilho dos seus olhos a descer de cena tal e qual como umas cortinas a fecharem-se rispidamente quando acaba mais uma peça de teatro, desde então o pequeno mestre encontrava-se inconsciente e aí alguém intrometeu-se nos seus pensamentos sonhadores, uma voz escondida entoava-lhe palavras:

- Sabes de onde vens? Precisarás de o saber, para obteres certezas acerca do teu destino!

O pequeno mestre tremia na sua inconsciência, eram questões que o seu silêncio não poderia responder. Porque se tinha ele tornado um vulto com rastos apagados? Porque não tinha reacções para além da sua pele arrepiada que de longe não saberia sequer um alfabeto digno das respostas essenciais.

- Calma, estás nervoso, nós sabemos, calma… Somos a bússola que orienta os teus sonhos daqui em diante, enviaram-nos de Orlög, somos a combinação de factores e acontecimentos que determinam o presente, em função do passado, e cria o futuro, a partir do presente. Terás consciência do teu presente? Saberás de quem são essas asas que te arrastam pela atmosfera? Então escuta-nos, seremos a tua consciência e a tua protecção quando os teus olhos de novo surgirem, escreveremos a tua Wyrd (Destino pessoal) sentadas na brilhante constelação de Órion onde teceremos com cuidado e atenção o fuso da Deusa Frigga (Senhora do Céu e do Tempo, que de tudo sabia, mas de nada falava). Mas cuidado há coisas que nem as Deusas de destino conseguem corrigir num temporal, as palavras são sentenciadas pelos fortes encantamentos de Frigga, o fuso é seu, nós só tecemos esta grande teia que se estende sobre a Terra, de leste a oeste, acompanhando as trajectórias do sol.

O pequeno mestre mostrava-se cada vez mais apreensivo nos seus movimentos e rebolava o seu nervosismo pelo dorso da ave gigante, o seu rosto mostrava-se cada vez mais esgotado, carregado de gotas febris de um suor que derivava as palavras das nobres Nornes (Deusas do Destino).

- Não te esqueças, vais-te lembrar dos nossos nomes quando olhares para Órion, Urdh (Aquilo que foi), Verhandi (Aquilo que está sendo) e Skuld (Aquilo que virá a ser). Somos o ensinamento da humanidade, a compreensão das lições do passado, o uso das mesmas no presente para que no futuro evites os transtornos do passado. Quando acordares passa a mão pelo que te rodeia e sente o bem e o mal, aí saberás tirar partido da tua consciência educada no presente.

Passados alguns minutos, acordou, abriram-se as portas do seu olhar, lá no alto brilhavam estrelas encadeadas e sem saber ao certo só soube dizer “Aquilo que foi, aquilo que está sendo e aquilo que virá a ser”.

M.M.

Friday, January 04, 2008

De volta a uma casa!

Não consegues ir para casa outra vez... Porque já lá não está!
Um quebrar de jejum neste novo ano por onde tenho andado desaparecido, esquecido, erguido de vários pensamentos... Voltarei em breve com os mistérios dos segredos guardados a sete chaves, sete... Um Feliz 2008 para todos!