Monday, April 21, 2008

Na breve explicação...


Era novo, de tenra idade por suposto, e todas as figuras visíveis ao meu redor tornavam-se fórmulas ingratas das quais não podia tocar; resignava-me e sentava-me modulando os astros com as mãos tocando-lhes como um espírito perdido ambicionando um desejo disperso sobre a esperança de um dia transformar-me num daqueles pássaros espaciais, sobrevoando os ares, batendo as suas asas formosas entregando-se à gravidade na sua totalidade e instalando-se por lá. Na verdade acreditava que as estrelas eram ninhos mágicos e que de lá todas as aves erguiam o seu vasto império de vigilância sobre o mundo, doía-me a alma quando via certos seres cercados em gaiolas onde as suas asas inadaptadas se reformavam de felicidade... Depois os meus olhos tornaram-se mais verdadeiros no sentido da percepção realística das coisas, sensações, continuava a descobrir as noites mirando todo um espaço, todas as luzes, mas os ninhos retiraram-se do vasto imaginário nocturno, enterrei-os em valas profundas junto ao mar. Todas as estrelas me pareciam verdadeiras, acima de tudo sinceras, penso e recordo as histórias que cada uma confessou em vibrantes desejos reflectidos pelas horas da madrugada. Depois tornei-me ainda mais velho, diz a evolução que subimos um degrau e nos consideramos homens perfeitamente racionais e com graus elevados de maturidade, e revi-me a pensar na paisagem divinal que da passagem às horas me iam entregando. Eu aceitava cada luz celestial, nem uma teria razões para se considerar ignorada. Nessas alturas modificava-me, de entre habitats, implementavam-se confusões intemporais numa vida de revoltas amenas e de lágrimas sofríveis que desaguavam sobre as marés vivas palpitantes de um coração aclamando e desejando o surgir imediato do verbo descansar. Ficava entre o mar e a areia circundando a mesma em pegadas de vida, rejubilando mágoas em diversas direcções, reflexos de traumatismos de uma lua encoberta pela maldita tempestade. Na pós-tempestade renasci, sobre deslumbres permanentes de entre as escolhas naturais que se seguem aos caminhos dos enganos. A lua passou a ser mar e natureza, passou a ser estético, perfeição e sonho construído de certa forma desenvolvido para uma relação de amizade. O mar, a natureza e o céu serão triângulos mágicos, serão tudo sobre uns olhos enfeitiçados pelo seu eterno namoro da terra para o céu. O vento aclamou as suas boas vontades sobre uma noite carregada de beleza, deitei-me no chão num prado verde encantado de esperanças, as vibrações eram electrizantes diante de uma paisagem calma, terna e de paz. Foi mais um encontro sobre o prado das confissões onde todo o mundo é uma soma de ilusões onde apenas eu, as estrelas e a lua somos vozes da humanidade.
21/04/2008
M.M.

Saturday, April 12, 2008

No labirinto das conferências.

Havia, ainda existe, um lago de evasões pintadas com cores abstractas infligidas pela doença da saudade, aquela sensação de inquietação danada irreversivelmente plantada naquele chão de esperanças fúnebres numa mistura envolvente com as cores vivas dos seres vivos e formosos que a tantas vidas transformou. Nesse espaço aberto ao vento coberto pelos zumbidos retorcidos da poluição rolam os cochichos das páginas que se desfolham em curiosidade, saem à rua o bando das amarguradas más-línguas que nos olham em desalentos terrores de entre os nossos ternos louvores a sobrevoar as graciosas correntes das temperanças que das lembranças nos recordam aqueles instantes formulados por uma dinastia vaga repleta de magia. E nos fluidos abstractos, sobre as pedras que se resguardam nos confrontos com as águas mortas, rodopiam uns patos mansos ou bravos, é incerto e confuso que nem eu sei, que à nossa vista tão longínqua serão imagem ausente ou muito vazia, passam por símbolos carismáticos daquelas tardes de preguiça serena, da conversa amena em que os nossos corpos habitavam em tranquilidade na gruta das estalactites e estalagmites com o seu nome de amizade. Um passo é presença e será sempre lembrança desta enorme conferência que o mundo numa compressão de corpos entregou, respirando ares que a essência de uma alma nos pode oferecer num espaço de minutos simples e inesquecíveis.
12/04/2008
M.M.

Monday, April 07, 2008

Aquele que não tem nome.

Quando fechei olhos ela apontou-me a sua luz, não podia fugir, fez-me prisioneiro debaixo de um manto de sensações.
Vivi prisioneiro das suas decisões, sobre as amarras que eram incandescentes como o fogo austero que incendiava a caserna dos meus sonhos; a pedra ganhava vida e ia diminuindo o espaço velozmente, toda uma substância ganhara sentimentos de destruição e a abolição rugia os seus intuitos de morte fria. Palpitava a batuta do medo, mas de nada adiantava, não podia fugir... Não podia! Mas a luz ganhou vida cicatrizando toda uma dor vaga e longa sobre as gotas que subitamente por mim escorriam... Ela segurou-me na mão e em sussurros de calmaria agitou a voz grave repetindo agitadamente notas divinais, era oceano a enconder o grande sol, sei lá, era algo de grande simbologia, seria Vénus e Marte talvez, que vieram contemplar a sua força e harmonia. E da tortura que em segundos nos mata surgiu aquele calor no doce peito, tal como se fossemos ave moribunda a contemplar o mundo sobre o abismo. Garanto-vos todos se salvariam...! Na conclusão não entendi a tal companhia, desejou-me trevas, entregou-me o paraíso... Não sei quem seria! Mas de uma coisa não tenho dúvidas, sem ele eu hoje não tinha o alento e a vontade de o rever.
07/04/2008
M.M.

Sunday, April 06, 2008

Sou um animal estranho na madrugada!

Nem sempre somos unânimes e cordiais no regresso do desvastante temporal. Naquela noite carregada de sentimentos desgastantes, onde a amargura exclamou ritos e gritos, entreguei-me em passos sofridos sobre aquela estrada de macuas. Estávamos perdidos, sempre o soube, olhavas-me como se o teu fim fosse um chamamento prévio, um ponto sem retorno. Agarrei-lhe na mão que em tremor arrastou o vento e congelou-me a visão... Durante alguns segundos acreditei que a luz fosse mais reforçada e que toda a sua vontade nos levasse à vaga ideia de um choro requisitado pela sábia conquista da tristeza. O túnel é vago, uivos são entoados entre ecos que nos desprezam… Aproximou-se, juro-vos que me mantive intacto…
Depois acordei e a recordação é fotografia em branco!
06/04/2008