"The Great Gatsby" de F. Scott Fitzgerald é considerado uma das grandes obras da literatura clássica mundial, enquadrando-se como uma referência na literatura norte-americana. Este clássico passeava-se há algum tempo sobre uma das minhas estantes, estava em lista de espera mas finalmente tomou a sua vez. O "Grande Gatsby" dá-nos uma forte mensagem; tantas vezes programamos e estabelecemos a vida em função de outros, tantas vezes sonhamos tão alto e projectamos um ideal dissimulado que outrora parecia-nos, de certa forma, conveniente. A busca desmedida pode levar-nos a uma desgraça que não estaria, certamente, nos planos. Assim aconteceu com Jay Gatsby que criou um espaço em busca da sua grande paixão, deixou de viver a sua vida natural lançando-se numa vida expectante, de incerteza, de uma busca pela sua antiga Daisy. Gatsby encontraria Daisy, mas essa busca acabaria por ditar a sua desgraça.
Monday, January 28, 2013
Thursday, January 03, 2013
Wednesday, January 02, 2013
Ano Novo" em "Desespero" por Vladimir Nabokov
Foi mais ou menos neste espírito que cheguei ao Ano Novo; recordo a carcaça negra dessa noite, essa noite sustendo a sua respiração de bruxa idiota para o bater da hora sacramental. À vista, sentados à mesa; Lydia, Ardalion, Orlovius e eu, muito quieto, com a rigidez brasonada das criaturas heráldicas. Lydia com o cotovelo na mesa, o indicador erguido atentamente, os ombros nus, o vestido tão variegado como o verso de uma carta de jogar; Ardalion, agasalhado com uma manda de viagem (por causa da porta da varanda aberta), um brilho vermelho na gorda cara leonina; Orlovius, de fraque preto, óculos reluzentes, colarinhos virados, a engolir as pontas do laço preto; e eu, o Raio Humano, iluminando toda a cena.
Óptimo, agora já podemos mexer-nos, sê rápido com essa garrafa, o relógio vai dar as badaladas. Ardalion serviu o champanhe e ficámos todos quietos e calados outra vez. De esguelha e por cima dos óculos, Orlovius olhou para a sua velha cebola de prata, pousada na toalha: ainda faltam dois minutos. Alguém na rua foi incapaz de aguentar mais tempo e estourou com um grande estampido; e depois de novo o silêncio. Fitando o seu relógio, Orlovius estendeu lentamente para o seu copo uma mão senil com as garras de um grifo.
De súbito, a noite cedeu e começou a rasgar; da rua chegavam aclamações; com os nossos copos de champanhe, saímos para a varanda, que nem reis. Os foguetes zuniam muito acima da rua e com um estrondo rebentavam em lágrimas brilhantes de cor; e em todas as janelas, em todas as varandas, enquadrados nos triângulos e quadrados de luzes festivas, havia gente a gritar uma e outra vez a mesma saudação idiota.
Vladimir Nabokov, in 'Desespero'
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