Friday, April 20, 2007

Não te Amo

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Não te amo, quero-te: o amor vem d'alma.
E eu n'alma - tenho a calma,
A calma do jazigo.
Ai! Não te amo, não.
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Não te amo, quero-te: o amor é a vida.
E a vida nem sentida
A trago eu já comigo.
Ai, não te amo, não!

Ai! Não te amo, não; e só te quero
De em querer bruto e fero
Que o sangue me devora,
Não chega ao coração.

Não te amo. És bela; e eu não te amo, ó bela.
Quem ama a aziaga estrela
Que lhe luz na má hora
Da sua perdição?

E quero-te não te amo, que é forçado
De mau feitiço azado
Este indigno furor.
Mas oh! não te amo, não.

E infame sou, porque te quero; e tanto
Que de mim tanto espanto,
De ti medo e terror...
Mas amar!... não te amo, não.

Almeida Garrett, Folhas caídas
15/06/2006

É interessante sentir a casualidade das coisas, sempre gostei deste poema mas sempre me esqueço dele, fica sempre guardado para um reavivar de memórias. Hoje, enquanto fazia uma separação de papel para o processo de reciclagem, encontrei-o num exame de português já algo antigo. Pois bem, fica aqui também aqui algumas pequenas marcas de mais um grande escritor Português: Almeida Garrett.

1 comment:

Anonymous said...

Amo esse poema, também m marcou quando andava no secundário.