Ia caminhando suavemente, passo após passo, arrastando com os seus pés descalços as pedras cinzentas envolvidas de terra castanha. Soltava-se uma poeira no ar bem quente, pelo sol tórrido que lá no alto se apresentava grandioso. E prosseguia pensando... estava num dilema, queria olhar para trás, ver as marcas que os seus pés tinham construído ao caminhar, pois eram pegadas bem delineadas que lhe faziam sonhar pela sua perfeição. Por outro lado, tentava não olhar; doía-lhe a alma amargurada, a perfeição invocara o seu sacrifício e os seus pés gritavam a dor de um coração partido invocando salvação. A estrada repleta de dificuldades estará lá sempre, as pedras aguardarão sempre que uma e mais outra alma em angústia a pisem sobre um sol que os queima, que os cansa. Basta deixarmos que as pegadas sejam apagadas pelo vento, que lá ao fundo aguarda que não olhemos para trás.
Fim da viagem, a tentação saiu derrotada e o vento soprou, renasceu mais uma alma. Olhou para trás, as pegadas desapareceram, ficando apenas na sua memória.
07/2007
M.M.
2 comments:
este texto esta divino! simplemente inspirador
Como disseste e muito bem, as pegadas podem desaparecer. O problema é elas sairem da nossa memória... *
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