Havia, ainda existe, um lago de evasões pintadas com cores abstractas infligidas pela doença da saudade, aquela sensação de inquietação danada irreversivelmente plantada naquele chão de esperanças fúnebres numa mistura envolvente com as cores vivas dos seres vivos e formosos que a tantas vidas transformou. Nesse espaço aberto ao vento coberto pelos zumbidos retorcidos da poluição rolam os cochichos das páginas que se desfolham em curiosidade, saem à rua o bando das amarguradas más-línguas que nos olham em desalentos terrores de entre os nossos ternos louvores a sobrevoar as graciosas correntes das temperanças que das lembranças nos recordam aqueles instantes formulados por uma dinastia vaga repleta de magia.
E nos fluidos abstractos, sobre as pedras que se resguardam nos confrontos com as águas mortas, rodopiam uns patos mansos ou bravos, é incerto e confuso que nem eu sei, que à nossa vista tão longínqua serão imagem ausente ou muito vazia, passam por símbolos carismáticos daquelas tardes de preguiça serena, da conversa amena em que os nossos corpos habitavam em tranquilidade na gruta das estalactites e estalagmites com o seu nome de amizade.
Um passo é presença e será sempre lembrança desta enorme conferência que o mundo numa compressão de corpos entregou, respirando ares que a essência de uma alma nos pode oferecer num espaço de minutos simples e inesquecíveis.
12/04/2008
M.M.
1 comment:
Há instantes, não interessa se fugazes, que são indeléveis ao nosso existir permanente. Há ainda lugares que nos deixam sabores de saudades incompreendidas a patos ou gansos, que de mansos têm pouco. E depois corre tudo num lago... é tudo água; uma água capaz (até) de acalmar a poeira do que se transformou em pó num labirinto mais ou menos confuso.
Deixaste, nas tuas palavras, uma essência sublime :)**
Post a Comment