Friday, October 26, 2007

"Hoje morro, amanhã ressuscito"


Filho das sombras da noite que se arrasta através da brisa suave da madrugada. Será anjo ou demónio? Será anjo, para os outros não sei; e de que lhe importa os outros se ali está sozinho? Esconde-se pelo silêncio triste que enche por completo a noite, contagiado pela dor que o frio lhe entrega, resignando-se: “Hoje morro, amanhã ressuscito”.
Morre pela gelada madrugada que lhe petrifica o coração, deixando de sentir o seu pulsar, desvanece-se e entrega os seus sentidos a uma terra fria e crua que sem remorsos não os recusará; nem as asas discretas lhe servem de salvação, foram-lhe cortadas para a peregrinação na Terra… descansa sobre o luar. Ressuscita pela manhã, onde o sol já bem no alto entrega-lhe algum do muito brilho que lhe falta, abre os seus olhos e espreguiça-se num turbilhão de emoções, mete-se na estrada e desaparece sem rumo.
E se não ressuscitar? A resposta será clara e directa: “Desapareceu, tornou-se invisível, apagou-se da história da noite, obtendo o seu fim.
M.M

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