Era novo, de tenra idade por suposto, e todas as figuras visíveis ao meu redor tornavam-se fórmulas ingratas das quais não podia tocar; resignava-me e sentava-me modulando os astros com as mãos tocando-lhes como um espírito perdido ambicionando um desejo disperso sobre a esperança de um dia transformar-me num daqueles pássaros espaciais, sobrevoando os ares, batendo as suas asas formosas entregando-se à gravidade na sua totalidade e instalando-se por lá. Na verdade acreditava que as estrelas eram ninhos mágicos e que de lá todas as aves erguiam o seu vasto império de vigilância sobre o mundo, doía-me a alma quando via certos seres cercados em gaiolas onde as suas asas inadaptadas se reformavam de felicidade... Depois os meus olhos tornaram-se mais verdadeiros no sentido da percepção realística das coisas, sensações, continuava a descobrir as noites mirando todo um espaço, todas as luzes, mas os ninhos retiraram-se do vasto imaginário nocturno, enterrei-os em valas profundas junto ao mar. Todas as estrelas me pareciam verdadeiras, acima de tudo sinceras, penso e recordo as histórias que cada uma confessou em vibrantes desejos reflectidos pelas horas da madrugada. Depois tornei-me ainda mais velho, diz a evolução que subimos um degrau e nos consideramos homens perfeitamente racionais e com graus elevados de maturidade, e revi-me a pensar na paisagem divinal que da passagem às horas me iam entregando. Eu aceitava cada luz celestial, nem uma teria razões para se considerar ignorada. Nessas alturas modificava-me, de entre habitats, implementavam-se confusões intemporais numa vida de revoltas amenas e de lágrimas sofríveis que desaguavam sobre as marés vivas palpitantes de um coração aclamando e desejando o surgir imediato do verbo descansar. Ficava entre o mar e a areia circundando a mesma em pegadas de vida, rejubilando mágoas em diversas direcções, reflexos de traumatismos de uma lua encoberta pela maldita tempestade. Na pós-tempestade renasci, sobre deslumbres permanentes de entre as escolhas naturais que se seguem aos caminhos dos enganos. A lua passou a ser mar e natureza, passou a ser estético, perfeição e sonho construído de certa forma desenvolvido para uma relação de amizade. O mar, a natureza e o céu serão triângulos mágicos, serão tudo sobre uns olhos enfeitiçados pelo seu eterno namoro da terra para o céu. O vento aclamou as suas boas vontades sobre uma noite carregada de beleza, deitei-me no chão num prado verde encantado de esperanças, as vibrações eram electrizantes diante de uma paisagem calma, terna e de paz. Foi mais um encontro sobre o prado das confissões onde todo o mundo é uma soma de ilusões onde apenas eu, as estrelas e a lua somos vozes da humanidade.
21/04/2008
M.M.
1 comment:
Como diabo vim eu aqui ter ao teu blog?
Tem qualquer coisa a ver com a jovem do http://viver-e-gostar.blogspot.com/ a obrigar-me, mas isso não tem nada a ver. :P
Já conhecia o blog há algum tempo, e é blog de gente grande, sim senhor!
Continua assim (espero bem que sim, já que é dia de festa quando eu vou numa "rampage" de fazer comentários em blogs!).
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