Saturday, August 23, 2008

Parte 2: Liberdade em Chamas/ Chamas em Liberdade

O tumulto desafia o silêncio desde que uma fase densa e quente instalou-se no espaço e numa tremenda explosão recriou um tal de “Big Bang”. Lutavam na invisibilidade do espaço e ninguém os sentia. Pela convulsão atroz do avançar do tempo julgava que o silêncio sentia tremendas dificuldades em alcançar os seus desígnios mais distintos encontrados nas brisas cósmicas, os suspiros de paz. Mas ninguém sabia, nem se importavam com a soma de todas as infracções provenientes das incisivas leis do tumulto. Enfim… estávamos livres, desligados da corrente problemática do mundo, ou seja, estávamos escondidos das fortuitas leis designativas do que para todos nós era o “irreal”. Mas naquela caserna repleta de libertos eu não me conseguia sentir em liberdade – inspira a chamada à contradição, tantas vezes outros recorrem às nossas palavras em busca da liberdade que tanto procuram e não obtêm de forma alguma, nesses compassos dão-nos a conhecer a prisão em que se encontram e a porta abre-se para uma substituição de elementos -, estranhamente sentia que não era o único no meio da normalidade daquela multidão, mas não busquei o instinto, desprezei delicadamente a sua chamada e nem ocorrência se prestou a registar; Não esperei pela estranha resposta escondida naquela lotaria de rostos.
Dois passos atrás, um grito vazio (consumido em mim) percorria o seu sentido inverso e afinava com repreensão as minhas cordas vocais, o silêncio… Mais um passo, o recolher de um pensamento refugiado escondido no nada. Não necessitava de mais passos, o ar fugia-me e afogava-me num mar desenhado no interior da minha mente, os meus olhos recolhiam na neblina e tudo era visualizado em relances de um olhar pasmado diante das chamas a lutarem entre estados de espírito descontrolados… Tudo compreendido numa memória de nanossegundos contabilizados pela falta de inércia dos meus dedos. O pensamento imobilizava-me por completo, jamais poderia voltar a dar dois passos em frente e ultrapassar a linha… a tal linha que impulsionaria de novo aquele grito que estava agora a entoar ecos sofríveis dentro de mim. Necessitava de luz, uma espécie de combinação entre alma e magia. Breve, semi-breve… tão breve e suavemente soltara-se uma chama, concedi-lhe carregando em dificuldade no manípulo suado do meu isqueiro enquanto fechava os olhos em busca do raciocínio imediato. A loucura aproximava-se de mim sentia que me carregava aos seus ombros e quando abri os olhos a chama era divina e sagrada, não era loucura não… ateava a estrada que me convidava à salvação… a estranheza viera entregar-me concelhos e levar-me à liberdade…
Soltando as nossas chamas com todas as forças que propusermos a lá deixar num caminho de retorno… A verdade é que tanto poderemos ter força para cobrir de chamas um tumulto como encher de paz o nosso mundo.
23/08/2008
M.M.

Thursday, August 14, 2008

Parte 1: Chamas a Liberdade

Mantive-me bastante tempo impávido, deixando na ausência a beleza tremenda da deusa serenidade, a pensar quais seriam as artimanhas necessárias para testemunhar este feito intrigante de uma carga intensa possuidora de tantas forças rebeldes; chamar-lhe-ei de “essencialmente especiais”. Pediram-me em silêncio para seguir as rotas do segredo no meio de tanto aparato, propuseram-se a desafiar a capacidade tão respeitosa do que é transformar algo banal e perdido em criação paranormal sobre as divisas do simplesmente normal. Sem pensamentos interesseiros não pedia trocas mas, requeri uma substituição avassaladora dos elementos circundantes, por isso, ao “empurrar” o pensamento rumo ao tempo na sua direcção inversa, pedi que transportasse nos seus segredos mais profundos uma lista de elementos fulcrais.
Substituam todo esse ruído submerso de contradições e de equivalências sonoras sem nexos e aprendizagens – Para quê revolucionar todo um ambiente e criar muralhas entre as respeitosas audições? -, dessa forma andarão constantemente a flutuar num vasto rio sem pescadores, ou melhor, os pecadores existem mas na verdade a sua consciência não vos deseja. Portanto, absorve todas as locuções e interliga-as, mas peço alma, muita alma… Para maravilhar toda esta transformação! Na teoria pedia silêncio, nem que fosse ocasional, um sussurrar ligeiro e um grito profundo quando pisares a linha que te colocará em liberdade.
Agora que és livre, ainda duvidas que somos mágicos, críticos, criadores e leitores de tantas liberdades e pensamentos? Enfim… O pensamento retornou veio educadamente instalar-se no seu berço de corridas imaginações.
14/08/2008
M.M.