Sunday, June 25, 2006

Sonolência

Sonolência que vai e vem, a invasão estudada a um olhar fechado... vem e vai para algum local mais além, algures longe da realidade... onde a brisa marítima sopra constante, voa leve pelos ares e dispersa-se segundo após segundo, até que desaparece. Está um escuro agradável, sente-se em casa o breve sonho navegante, puxa-me a alma e juntos movimentam-se inquietos sem parar, das canseiras vividas pouco têm a relembrar, é algo que se esquece ao longo dos voos momentâneos, fica-nos sim, vestígios da poeira que a sonolência levantou, a passadeira longa e vermelha onde o sono caminhou. O "comandante" opta pelo conformismo e sorri inconsciente por dentro e por fora pelos minutos que avançam na contabilidade real, a sensação é efusiva, estamos longe, mas tão perto... sentiu-se tanto mas nem de metade a realidade se recorda. Num silêncio ofuscado longínquo, escuta-se as ondas de um mar rebelde que embatem com frieza nas rochas da antiguidade, tantas vidas, tantos séculos, tantos momentos...
Num "tic-tac" paranormal, num abrir e fechar de olhos, a sonolência viaja serena.
Ela por lá continua...
Porque um sonho pode comandar a vida, de alguns...
M.M

Sunday, June 18, 2006

Onde as pedras ganham vida... num abismo Obscuro!

Situo-me no tempo escaço, no tempo contido e revejo-me enfraquecido pela eterna dor de pensar. Penso mais do que devia, suscita-me o sonho catastrófico que me empurra para o abismo entristecido, que por norma me agarra. A este não estendo a mão, cobardia ou não, ele agarra-me e empurra-me quando menos espero. Ataca-me friamente, carregado de negativismos, julga-se poderoso, mas não passa de inútil cobarde obscuro que vive num imaginável tronco pálido, pobre e entristecido. Sei, porque por lá andei enclausurado desde que a ingenuidade desapareceu e começei a sentir com todas as forças que possuo, e aí está o doloroso engano angustiado...
Que diferença gigantesca da generalidade, que simpático para que os que ouvem, que calamidade para quem sente verdadeiramente... Oiço o abismo lá no fundo distante, onde aclama o meu regresso. Triste bem aventurado, vou fugir... Resigno-me!

Numa pausa intermédia onde me escondo do mundo, de um todo geral... Onde as pedras ganham vida e não param de se movimentar... Movimentam-se, num arrasto profundo e devastador de almas, onde assisto com naturalidade; são guerreiras, eis que me protegem!
M.M.

Thursday, June 15, 2006

Estrela,...

Quando o céu se espanta,
Com um brilho raro e puro...
Correm quilómetros sem parar,
Angustiados vivem um sufoco doloroso,
Pela tarefa terrivelmente inconformada de aceitar.

Incandescente brilha horas a fio...
Num horizonte repleto de contradições vagas.
Voa e dá-me a luz dos mortais,
Segue o fogo harmonioso que te mantém viva,
E Revive...

Voa e encontra a benção unida da Lua,
Segue-lhe os passos concretos,
Dança em seu torno, confidência...
Dá-lhe a moral eterna, dá-lhe a palavra merecida, E ela brilhará na conjunção,
De mãos dadas unidas pela noite.

Vem e traz tudo o que se anuncia,
Abraça o fogo, abraça a paz, não largues o brilho... Nunca!
Chegou o dia, o sol toma a iniciativa calculada,
Deixa-te cair suavemente, sem receio, com loucura...
Eu estou aqui!

Quando a terra fria e seca te recebe,
Renasce uma semente de alegria,
Deambulam blocos de vento pelo ar,
Circulam à nossa volta efusivos,
Em clima ameno festivo de euforia...

Incessantemente à busca de um lugar,
A Natureza resplandecente abraça-nos,
E em comunhão, dá-nos a mão...
Um silêncio terno arrasa-nos,
E acordamos já pelo dentro da escuridão...

Voa e brilha para um sempre,
Ilumina-me eternamente...
Vem e fica na eternidade,
Eu estou aqui, sempre...

M.M
15/06/2006

Wednesday, June 14, 2006

Um silêncio... que vale por mais de mil palavras!

Onde reina o pensamento... Brumas efémeras se espalham. Só sei pensar e sentir-te silenciosamente dentro de mim... Fecho os olhos calmamente num passeio densamente suave... E acolho emocionalmente o tilintar da chuva... Vem e acolhe-me...

(Existe algo de escondido em mim... guarda segredo, sei que me escutas o pensamento, silêncio..)

Leva-me contigo... Sobre as ondas desse mar agitado, Sobre raios efusivos que nos aguardam, Olharei para o céu, e vou sorrir...

Sentiste?

(Por trás de um silêncio, há sempre algo que se esconde)

Saturday, June 10, 2006

Medo

Medo de me enclausurar num universo vazio, de palavras simbólicas sem nexo... Terror de sentir passos de solidão mórbida a rastejarem numa angústia desmedida... A resposta revolucionária de alguém que se sente surge sempre na eternidade! Imagina que o mundo chama por ti, escutas uma espécie de sirene irritante que capta as tuas sensações inquietantes, sentes um arrepio assombroso e olhas á tua volta, segues o teu caminho cumprindo as regras seguras impostas na convenção artificial que representas, entras num mundo obscuro onde te sentes em comunhão com a paz. Vinda de um nada, a tristeza chegou, depois instalou-se sem atribuir motivos, razões, senta-te... olha para ti de uma forma terna, piedosa e mantém um silêncio divinal que te deixa em plena confusão sentimental, surge um aglomerado emocionista de nível superior. A tristeza chora, rios de água quente que vão desaguando segundo após segundo num chão que não se surpreenderia com a novidade, recebia com amizade mais uma de uma infinidade... com simpatia abraçava-as como sempre o fez e divinalmente enchaguava-as, tornando-as parte de um só elemento, aceitando-as. Do outro lado, brilha um olhar, escuta-se um ritmo cardíaco acelerado ao som da batuta, o ar congela... levantas-te, corres em direcção a uma parede branca, lanças as tuas mãos na sua direcção, fechas os olhos com firmeza e convicção, a tristeza segue-te... dissolve-se em ti e une-se ao teu espírito, alma que amarguradamente chora em comunhão com a paz. Como um corpo morto deixa-se cair no imenso chão que é seu, e descansa na imensa paz, dorme como um anjo caído dos céus, de frágil aparência mas de espírito enorme...
Nas ruas amarguradas da vida á sempre uma tristeza que vagueia por aí e que nos consome... não me importa que não te dêem atenção, não me importa que não te vejam chorar, não me importa! Dar-te-ei a minha mão... fecha os olhos por instantes de forma segura, não tenhas medo eu estou aqui...
Não voes alto, as tuas asas verdes levariam tudo de meu contigo!
M.M

Thursday, June 08, 2006

Shakespeare, Intro: Soneto Maior

Shakespeare é considerado um dos mais importantes dramaturgos e escritores de todos os tempos. Seus textos literários são verdadeiras obras de arte e permaneceram vivas até os dias de hoje, onde são retratadas freqüentemente pelo teatro, televisão, cinema e literatura. Nasceu em 23 de abril de 1554, na pequena cidade inglesa de Stratford-Avon. Nesta região começa seus estudos e já demonstra grande interesse pela literatura e pela escrita.

Começa escrever sua primeira peça, Comédia dos Erros, no ano de 1590 e termina quatro anos depois. Nesta época escreveu aproximadamente 150 sonetos. Embora seus sonetos sejam até hoje considerados os mais lindos de todos os tempos, foi na dramaturgia que ganhou destaque. No ano de 1594, entrou para a Companhia de Teatro de Lord Chamberlain, que possuía um excelente teatro em Londres. Neste período, o contexto histórico favorecia o desenvolvimento cultural e artístico, pois a Inglaterra vivia os tempos de ouro sob o reinado da rainha Elisabeth I. O teatro deste período, conhecido como teatro elisabetano, foi de grande importância. Escreveu tragédias, dramas históricos e comédias que marcam até os dias de hoje o cenário teatral. Os textos de Shakespeare fizeram e ainda fazem sucesso, pois tratam de temas próprios dos seres humanos, independente do tempo histórico. Amor, relacionamentos afetivos, sentimentos, questões sociais, temas políticos e outros assuntos, relacionados a condição humana, são constantes nas obras deste escritor.

Em 1592, a obra de Shakespeare sofreu um violento ataque do dramaturgo Robert Greene, o que em muito abalou o autor dos sonetos. Assim, temos um eu lírico que se sente em desgraça tanto aos olhos da fortuna quanto dos homens...


When in disgrace with fortune and men eye's,

I all alone beweep my outcast state,

And trouble deaf Heaven with my bootless cries,

And look upon myself, and curse my fate,

Wishing me like one more rich in hope,

Featur'd like him, like with friends possess'd,

Desiring this man's art, and that man's scope,

With what i most enjoy contented least:

Yet in these thoughts myself almost despising,

Haply i think on thee, -- and then my state

(Like to the lark at break of day arising

From sullen earth) sings hymns at heaven's gate;

For thy sweet love remember'd the such wealth brings

That then i scorn to change my state with kings.

A todos os que encontram a sua maior riqueza no amor...

Monday, June 05, 2006

A arte nasce da realidade

No teor da supremacia, a qualidade da(s) palavras ganha enorme vantagem á quantidade das palavras... palavras, palavras e mais palavras, tantas existentes, tantas úteis, outras tanto desnecessárias, eis o objectivo fundamentado... uma, duas ou três palavras podem ditar uma vida... um percurso, uma história, um acto, um segundo, um resto de nada, TUDO... a arte nasce da realidade. Eu sinto, eu vejo, vagueio.... Escuto o silêncio, guardo as poucas palavras para um outro dia...
M.M.

Friday, June 02, 2006

Sweet Sweden!

"Hoje o frio é um Deus, gela-me por completo a alma sem tréguas, inconformado e ansioso destrói por completo o brilho do meu olhar, a sensibilidade que palpita segundo após segundo no meu interior. Retira-me bruscamente a felicidade que contenho no meu mundo superficial onde tanto me escondo, refugio-me por lá de qualquer modo, lá ainda respiro serenidade e apago leves traços da saudade que me atormenta e me leva ao devaneio. Estou perdido no meio do nada... uma idealização psicológica "constipada" de emoções furtivas que me queimam ao ritmo do tempo.
Cigarro após cigarro vou estrangulando o pensamento, a harmonia sobe e saiu cá para fora...
Surgem-me sempre novas questões, um tabu repleto de emoções, o surgimento de novas idealizações que vocês não têm noção da dor que me provoca, a amargurada ausência das nossas pessoas, das pessoas que nos complementam..."
Em memória das pessoas que cá ficaram, em memória dos que lá ficaram... que hão-de voltar também. Um pequeno tributo á natureza implacável que sobrevive na Suécia (as fotos que tirei e que vos mostro neste espaço muito indicam) e ao próprio país, às pessoas que por lá conheci e essencialmente ás pessoas que cá deixei, nesse campo particular , uma dedicatória especial a ti que viajaste comigo, deambulaste permanentemente nos meus pensamentos e em definitivo por lá te instalaste e eu só tenho uma palavra sueca que defina o que penso acerca dessa constante permanência (Tack) :) And The Moonlight is comming, can you see?