Sunday, November 15, 2009

O "meu Mondego"


- Mostra-me o "teu Mondego"...

- Mondego? Não deveria existir apenas um?

- Sim e só existe um, mas estás no teu sonho e podes ter nele todos os rios deste mundo.

- Humm, não deixa de ser pertinente. Mas então qual seria o "meu Mondego"? E porque se chamaria Mondego?

- Porque passaste horas a olhar para ele, as gaivotas e os patos contaram-te imensas histórias sobre ele. Podias querer que no teu sonho a tua realidade desse pelo nome de Mondego!

- Hum Hum, continuas a ter razão. Deixa-me pensar, não será fácil imaginar um mar com nome de rio. Baralha o sentido das coisas, percebes? Águas mortas, águas vivas... suavidade, silêncio transformados em agitação e muita euforia. É certo que as gaivotas continuam lá, mas dos patos nunca ouvi falar!

- És sempre assim tão complicado? É apenas um sonho.

- Poder-se-à ter feito luz...

Tive um sonho esperado, poder-se-à dizer aguardado. A palavra cabe-lhe bem. Tive sonhos que não sonhei, conseguia alcançar tudo com os meus olhos, erguer as mãos e os abraçar como se de ficção se tratasse. Tive até sonhos que nunca cheguei a ter, poderia ter medo de os receber, de desembrulhar a sua mensagem e que esta me consumisse na sua mais sincera loucura. Não sei porquê sonhei... Estava terrivelmente incomodado com a pressão de ser Eu, estava com medo de desmoronar, de me transformar numa simples ruína. Sonhei que cada pedra solta um dia poderia ser um bocadinho de ti e poderíamos falar uma só língua. Sonhei aquilo que aconteceu e aquilo que não aconteceu. Sonhei que estava a fumar um cigarro reconfortante, acalmava-me a alma e desprezava os desperdícios de pensamento, e ouvia o mar, ou seria antes rio? Não sei, mas posso não complicar as coisas, garanto-te que aquele mar era o "meu Mondego".
M.M.

Sunday, November 08, 2009

Lugar para encantos

Costuma-se dizer que é na despedida que tem mais encanto, nunca gostei de despedidas, mas gosto de um adeus sentido e sorridente em que duas pessoas têm a noção que podem estar separadas por algum tempo. Gosto de receber mais alguém na minha "casa". Tenho, efectivamente, mais duas boas almas na minha vida. Do que me lembro essencialmente... o facto de desejar que nunca mais se percam da minha vista. Começo a não ter jeito para expressar aquilo que sente por outras pessoas, em tom simples e intimista a designação de amizade.