Friday, November 19, 2010

Dia de retornar, dia de reviver, de relembrar...

Relembro-me como se fosse hoje, daquele dia em que caí aos trambolhões sobre aquele manto de gritos inusitados e desesperados de alguém que chamava por mim. Mais uma vez deito-me sobre este colchão de palhas estridentes que me embrulham e protegem da noite gélida e fazem-me esquecer, um dia, o quão dolorosa foi a tua morte e o tanto que faltou por dizer e dos abraços que ficaram por dar. Relembro-me como se fosse hoje... "Aquele era eu em criança sentado numa varanda de um 3º andar, numa rua bem silenciosa com murmúrios vindos do mar. Aquele era eu compenetrado numa linha de horizonte onde nada de deslumbrava diante da escuridão da noite. Aqueles eram os meus olhos enfeitiçados numa espécie de buraco negro enfeitado por momentos, movimentado por uma roldana de pensamentos que se soltavam e deixavam-me entre pensamentos banais e outros bem mais fulcrais. Aquele era eu a distrair-me do tempo, a suspirar desgostos e amarguras, a pensar vezes sem conta como chegar até ti. Quando à uns anos atrás deparei-me com um desses momentos reflecti de forma apreciativa acerca do tempo invisível que dispensava para manter-me ocupado na actualização democrática do pensamento. Com os anos vinha mantendo uma séria esperança que esse serviço fosse, gradualmente, diminuindo em curtas facções mas, durante os intervalos temporais fui-me apercebendo, em rápidos pensamentos, que a diminuição era improvável e que tendencialmente poderia tudo aumentar. Um dia destes dei-me a pensar, não exigi qualquer contrapartida, basicamente limitei-me a pensar... Lá ao fundo estava o horizonte pintado num oleado azul de mar a marcar todos os desníveis entre os algoritmos de auto-estima, eles chamavam-me e puxavam-me para as correntes turbulentas do medo. Eu pávido deixei-me ir embalado naquele mar, afogando-me cada vez mais naquele buraco negro e mais uma vez só cheguei a pensar, mas dizer, não disse nada. Afinal de contas ainda era uma criança..."

Tuesday, June 22, 2010

Dear Consolation

Talvez tenha passado ao lado, ou quem sabe, bem à frente daquele algoritmo animal que nos pressupõe uma mudança bem radical de uma ou outra vida. Mas quem o sabe desconheço, eu não o sou de certeza, vivo na incerteza de o clarificar aqui e ali, em suma, em toda a parte. Mas, então, se o desconheço é certo que não o sei definir, nem tão pouco saberei admitir que passei ao seu lado, ou quem sabe, à sua frente naquele ou noutro momento. Mas tenho a certeza que, reforçando convicção desmedida, de consciência tenho, "eu", um consolo bem definido.

Hoje dei conta que te estava a abandonar, tal como a outras quantas vidas... Em altas horas propus-me ao despertar e de um consolo desesperante coloquei-nos alguma vida.

Do eu para o "eu".

Saturday, May 15, 2010

Pensamentos moribundos


Há dias em que penso que sim, outros em que penso que não. Infelizmente os dias em que penso que não estão em clara maioria... E isso inevitavelmente entristece-me, mas entristece-me de uma forma estranha, surge assim do nada de um segundo para o outro, de uma boa sensação para um momento mórbido.

Cheguei à conclusão que necessito de "recliclar-me" a mim e à minha vida, isso envolve reciclar algumas pessoas que me rodeiam substituindo-as ou simplesmente guardando-as a si e aos seus momentos num baú delicado de memórias.

É engraçado que possamos surgir num sonho, não nosso mas de outro alguém, e nos reconheçamos num retrato fiel do que nos dá os devidos contornos. É interessante e especial, é de certa forma assustador e confuso. É estranho tal como os nossos contornos... Mas com situações estranhas passo eu muito bem!

Monday, April 26, 2010

Dia de rever o "esquecimento"

Também me "esqueci" de ti... mas como somos complementos aceitas a minha ausência tal como eu a tua... mas decidi voltar a escrever, parece que sim...
"Já naquela altura assim o era, e hoje as coisas permanecem inalteradas. Somos todos constituídos por normas e maneiras de vida e esta sempre foi a minha maneira de estar. Sempre me precavi do ser humano, mantive-me ausente das suas contrapartidas, reflecti mil vezes antes de dar um passo, subi mil degraus para executar uma simples palavra. Dar-me ao mundo nunca foi a verdadeira intenção, pelo menos no sentido onde o físico seria uma representação aparente. Podia definitivamente viver sem pessoas? Não, não seria… mas já naquela altura o sabia, apenas tinha medos, bastantes medos, e protegia-me… O certo é que certas pessoas conseguiam ultrapassar essa protecção e agarrar-me na mão, nas palavras, nos momentos mais simples e torná-los em algo grandioso como uma amizade. Aquele último acontecimento na enfermaria tanto me deixava feliz como preocupado. Aprendera já nessa época que as pessoas podem agarrar-nos numa dada altura mas a efemeridade da vida proporciona até em algumas amizades uma quebra como se de um vai e vem se tratasse, até que um dia pode nunca mais voltar… E eu sempre vivi na tormenta de se puderem tornar numa das lições que a vida me pôde dar, de entre as quais muitas cabeçadas na muralha que sempre nos separou. E eu não queria que mais uma vez isso pudesse acontecer, até porque toda aquela envolvência me pareceu especial, mas não seriam as outras também? Sempre foram, por isso dei-lhes uma oportunidade. Mas não se adequava ao processo atribuir esse convite? Bem, sim… quando uma pessoa consegue ver-nos no silêncio e desmistificar aquilo que somos, em breves traços obviamente, merece algo mais, é certo que a oportunidade é construída por quem até nós chegou, não é um simples olhar, ver e vencer, há lutas, que podem ser árduas, até chegarem até nós. Então eu pergunto a mim mesmo o porquê de lutar tanto para chegarem até nós e depois, simplesmente, se esquecerem que podemos existir no nosso/seu quotidiano. Talvez seja demasiado exigente, ou talvez goste demais das pessoas que ultrapassam uma barreira de medos, se infiltrem numa selva de receios e me tornem num ser humano um pouco mais feliz. Como sempre haveria mais uma oportunidade a ser concedida, naquele momento aquele sorriso moveu o meu mundo e abriu alas para mais um sobrevivente, seria pertinente a voz do dilema, mas da sequela de tantas feridas não me haveria de escapar… Sendo assim, porque não?"
M.M.

Monday, January 11, 2010

Entrevista entre ele e eu!

Quem és? Não sei! Somos membros de um raio de sombra a invadir a luminosidade de uma noite de contornos fechados.

Quem desejas sonhar? Um ser humano, sentado num bloco frio e perdido, uma lanterna alaranjada a reflectir raios de sol, uma nuvem de fumo expelida por si.

Quem o desenha? Uma mão de sabedoria infinita, um coração quente, uma alma fria, uma lágrima no rosto, duas outras a percorrer o chão.

Que sentem? Um deseja uma ardente impulsão no seu estado de calmaria, nessa calmaria procura os seus desejos mais intensos, busca-os numa fugaz algoritmia por todo o ar, por todas as raízes de fumo que se extraem do seu corpo. O outro deseja criação, procura encontrar-se consigo e com a sua razão, deseja um alma sentada no seu ventre, um sonho de uma noite incandescente a chamar pelo seu nome.

Quem és tu? Eu sou ele e ele eu.

O que sentes? Um desejo de rebeldia, de me tornar num mundo sem pensamentos e execuções.

O que queres ser quando fores "grande"? Eu e ele queremos ser revolucionários, pretendemos conquistar almas, convidá-las para o nosso grande palácio e sorrir, brincar, falar... tudo o que as crianças deveriam viver!

Eu questionei-te acerca do que querias ser "grande"... Isso mesmo, quero ter pessoas e sorrir como uma criança, quero liberdade sem medos nem receios, quero pensar apenas no que não me perturba...

Mas isso é impossível para gente grande! Eu sei, como te disse... isto é um sonho! Eu e ele somos um sonho, sobras tu, o mundo real e todos os problemas e questões!

M.M.