Thursday, July 23, 2009

"Eu não sei dizer"

Apeteceu-me pegar no primeiro cd dos Silence 4 e escutá-lo pela madrugada fora... tinha saudades, ando com saudade de tudo o que adoro (impressionante). Bom, encontrei lá este poema que me diz tanta coisa. Vou partilhá-lo, alguns devem conhecê-lo bem, outros nem tanto...
"O silencio deixa-me ileso, e que importância tem?
Se assim tu vês em mim alguém melhor que alguém.
Sei que minto pois o que sinto não é diferente de ti.
Não cedo. Este segredo é frágil e é meu.
Eu não sei tanto sobre tanta coisa
que as vezes tenho medo
de dizer aquelas coisas que fazem chorar.
Quem te disse coisas tristes não era igual a mim.
Sim, eu sei que choro, mas eu posso
querer diferente para ti.
Eu não sei tanto sobre tanta coisa
que as vezes tenho medo
de dizer aquelas coisas que fazem chorar.
E não me perguntes nada.
Eu não sei dizer."

A nossa temporalidade

Era tarde, muito tarde... Os olhos iam pestanejando saudações do cansaço mas o cérebro não parava de procurar as palavras naquele tesouro que outrora encontrámos aberto. Ainda é cedo, acredito nos sonhos que outrora os céus me contaram. Nunca é tarde, nunca é cedo; nunca, nunca, que relatividade deveras emergente. A música do presente tem cifras complexas que impulsionam os dedos a não parar... Acredito, sempre acreditei.

Nada mudou, muito embora sentisse os temíveis arrepios de uma sonata fria e crua a invadir todo o meu espaço sonoro, ecos de uma maior solidão, tremores de perda, do vazio...

A alma fragilizada estremeceu, a tristeza aguardada deu-me a sua mão, em suspiros contou-me que os anjos e as almas gémeas reencontram-se sempre, por mais que a distância seja a necessária, nunca será a suficiente. Nunca, nunca... Será? Sei que tive medo, outrora entrei em contacto com a culpa…

Acreditei, ainda não era tarde! As letras iam caindo dos céus e formavam a sua própria sentença, deixava-me dormir, elas aconchegavam-se em mim e eu culpava-me mais uma vez; as letras entrelaçaram-se umas nas outras e em tom de segredo contaram-me que já era tarde. Fechei os olhos... Nunca é tarde para sonhar mais uma vez!

Seremos sempre livres neste mundo submerso de sinais e desistências; Sonho, sonho... Voltei a casa, voltámos a casa juntos e eu sempre achei que era tarde, não era assim tão cedo, é agora o sujeito presente... Nele avançamos em simultâneo e observamos atentamente as paredes que com tanta intimidade partilhávamos, partilhamos... As cores, as letras, toda esta essência em cada segundo...

Será passado? Não acredito.

Tudo isto é real... Ainda somos os pequenos daquele tempo em que nos gostava-mos em abraços num daqueles sonhos dentro dos nossos sonhos. Somos tão grandes, as letras desesperam a sua proximidade. Ousa em reconhecer-me na realidade... Somos um e o outro, um só, volta ao meu caminho, reencontra-me em torno dos meus braços.

A nossa temporalidade! Nem é tarde nem é cedo, o agora é eterno...

Marco Martins

Já não é surpresa, já não é segredo... Acho que estava destinado a voltar a contar-te mais um daqueles segredos que nunca foram qualquer segredo para nós...