Friday, September 14, 2012

A ruína começou há muito tempo atrás

Vivemos no ano de 2012 e a perspectiva de um futuro infernal (que lembra-me toda aquela convulsão de ideias e pensamentos negativos que nos percorrem quando analisamos afincadamente  "Crime e Castigo") para Portugal e, consequentemente, para a grande maioria dos portugueses é hoje um tema em foco e, de certa forma, muito preocupante. Mas os problemas não são de hoje, seguindo uma linha de alguns escritores estamos a ser "massacrados" por lideranças destrutivas há décadas. Eça de Queirós escreveu sobre a crise em 1891, Tomas Transtromer, prémio Nobel da Literatura de 2011, que guardava uma paixão pelo nosso país escreveu sobre Lisboa e o ponto de situação da mesma numa passagem por Portugal em 1981.

"Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura. "

Eça de Queirós, in 'Correspondência (1891)

"No bairro de Alfama os eléctricos amarelos cantavam nas subidas. 

Havia duas prisões. Uma delas era para os ladrões
Que acenavam através das grades. 
Gritavam, queriam ser fotografados! 

"Mas aqui", dizia o guarda-freio com um riso de hesitação, 
"aqui sentam-se os políticos". Eu vi a fachada, a fachada, a fachada."


Tomas Tranströmer, in '50 Poemas'




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