Chegando ao fim de mais um daqueles livros que se devem ler até ao final da nossa vida temos sempre um sabor agridoce: a satisfação de ter consumido uma bela história e a tristeza do fim de uma história que nos deixa com saudade tal como nos deixou Anna Karénina após o seu desaparecimento na estação de Nijni Novgorod. É tempo de recordar uma das belas passagens num retrato de vida de Levin:
"Continuarei a zangar-me do mesmo modo com o cocheiro Ivan, continuarei a discutir, a exprimir os meus pensamentos fora de propósito, continuará a haver um muro entre o santo dos santos da minha alma e as outras pessoas, até a minha mulher, continuarei a culpá-la pelo medo e a arrepender-me disso, continuarei sem compreender com a razão porque rezo, mas a minha vida, toda a minha vida, independentemente de tudo o que me possa acontecer, cada minuto dela, não só deixará de ser sem sentido como era antes, mas terá o inquestionável sentido do bem, que está em meu poder investir nela."
Lev Tolstoi, in 'Anna Karénina'
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