Monday, April 08, 2013

"Identidade" Kundera, "Stasiland" Anna Funder


Hoje dei como terminadas duas leituras, "Stasiland" da australiana Anna Funder e "Identidade" de Milan Kundera. Deve ter sido a primeira vez na vida que acabei dois livros no mesmo dia e, como tal, é algo a registar. Os dois acabam por ter uma relação curiosa entre si, se os sobrepormos e delinearmos os mesmos na história mundial conseguimos subentender que na antiga RDA, havia claramente uma identidade muito própria, de tal forma que muitos, para além do Muro, no lado Leste, perderam a sua própria... identidade. "Stasiland" conta-nos várias histórias sobre a Alemanha do Leste, testemunhos reais de pessoas que sofreram na pele a herança estalinista, de pessoas que fizeram parte dos esquemas de perseguição e espionagem e tudo isto é, realmente, impressionante porque há muita gente que desconhece todo o drama dos anos em que as Alemanha's estiveram separadas. Há um facto muito curioso e que define a grandeza da Stasi na antiga RDA: "Após a queda do Muro, os meios de comunicação social alemães chamaram à Alemanha do Leste «o estado de vigilância mais aperfeiçoado de todos os tempos.». No total, a Stasi contava com 97000 funcionários - mais do que o suficiente para fiscalizar um país de 17 milhões de pessoas. Mas contava igualmente com mais de 173000 informadores entre a população. No Terceiro Reich de Hitler, estima-se que havia um agente da Gestapo para cada 2000 cidadãos, e na Rússia de Estaline havia um agente da KGB por cada 5830 pessoas. Na RDA, havia um agente ou informador da Stasi por cada 73 pessoas. Se forem incluídos os informadores em tempo parcial. algumas estimativas apresentam um número tão elevado como um informador para cada 6,5 cidadãos."
"Identidade" é o meu terceiro livro de Milan Kundera depois de "Ignorância" e "Insustentável leveza do Ser". A "Identidade" é uma busca profunda ao que significamos; é um livro de rápida leitura, a não ser que se vá lendo exclusivamente nas pausas literárias (10 minutos) do trabalho literário. Há no livro um parágrafo que define bem a busca e define também muito dos alemães do Leste e a ex-RDA "Qual foi o momento exacto em que o real se transformou em irreal, a realidade em devaneio? Onde estava a fronteira? Onde está a fronteira?" 
"Stasiland" já não é editado no nosso país.

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