Sunday, July 20, 2008

Juan Ramón Jiménez


Juan Ramón Jiménez nasceu em Moguer, no sul da Andaluzia, em 23 de Dezembro de 1881. O poeta ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1956, morreu a 29 de Maio de 1958.
Escrever sobre Juan Ramón Jímenez obriga a falar de modernismo: a sua poesia foi, no começo, influenciada pelo movimento e fez depois evoluir o modernismo espanhol. Assim iniciada, a poesia de Juan Ramón começou por obedecer às leis deste amplo movimento: um esteticismo de raiz romântica, predominantemente sentimental, em que o eu é quase sempre o centro do poema, com os seus lamentos, uma visão idílica da natureza, uma sensualidade difusa, paisagens que são reflexo do seu espírito inquieto e por vezes mórbido, da consciência que lhe revela a transitoriedade humana, o abismo da beleza inatingível indiferente a essa transitoriedade. No entanto, o trabalho de Juan Ramón - este ciente de que só a beleza poderia vencer a morte e que a sua própria morte só seria vencida quando ele completasse a sua obra - prossegue em busca da perfeição, entre avanços e repetições. A sua poesia era testemunho de uma profunda inquietação, uma sede terrível que nada poderia saciar, e que se fecha no seu ponto mais alto do conhecimento: o de um Deus por ele alcançado através da beleza que, através de uma luta obsessiva de toda a a sua vida, descobriu e revelou na poesia.

O Canto do Grilo

"As horas passam, serenas. Não há guerra no mundo e o lavrador dorme tranquilo, vendo o céu no fundo alto do seu sonho. Talvez o amor, entre as trepadeiras de um muro, ande extasiado, de olhos nos olhos. Os favais enviam para a aldeia mensagens de terna fragrância, como numa inocente adoloscência cândida e subtil. E os trigos ondeiam, verdes de luar, suspirando ao vento das duas, das três, das quatro horas... O canto do grilo, de tanto suar, perdeu-se...
(...) A Lua cai, vermelhusca e sonolenta. Já o canto está ébrio de luar, embriagado de estrelas, romântico, misterioso, profuso. É então que grandes nuvens lutuosas, debruadas de um malva azul e triste, arrancam o dia do mar, lentamente..."

"Platero e Eu"

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