Sunday, July 15, 2012

Crime a Castigo, Fiódor Dostoiévski

A coleguinha sorridente andou um mês a desatinar-me a cabeça porque não comprava nenhum livro na loja e eu pensava nas dezenas de livros que tenho, ainda, para ler nestas estantes que se encontram ao meu lado esquerdo. Lá conseguiu convencer-me e parti para mais umas horas de amizade com o meu grande amigo Fiódor Dostoiévski (a escolha vai alegrar os muitos russos que por aqui caem por acaso). O livro é intenso desde a primeira página e logo nas primeiras páginas o génio russo partilha comigo algo muito verdadeiro. É surpreendente como um pensamento de 1866 possa ser tão actual e adequado. 



"Quero ousar uma coisa dessas, e estou com medo de ninharias! - pensava, com um sorriso estranho nos lábios. - Humm... pois... tudo está nas mãos do homem, e o homem deixa que tudo lhe fuja à frente do nariz, só por cobardia... é um axioma...  Não era curioso saber do que têm mais medo as pessoas? De um passo novo, de uma palavra nova própria, é esse o maior medo delas... Aliás, palro demais. Tagarelo, por isso não faço nada. Ou então: tagarelo porque não faço nada. Neste último mês ganhei o hábito da tagarelice, deitado dias e noites no meu canto, a pensar... na história do rei pasmado. Porquê, para que vou lá agora? Se ao menos for capaz de fazer aquilo!? Será mesmo a sério, aquilo? Não, não é a sério. Ando a entreter-me com uma fantasia , uma brincadeira! Sim, isto é mais uma brincadeira!"

Fiódor Dostoiévski in "Crime e Castigo"

1 comment:

Alma said...

Está-me entranhado na pele. É, certamente, um dos livros da minha vida.

Abraço-te com muita força.
3x