Sunday, November 25, 2007

Queda de tantos Romances

O vento soprava de norte para sul, amarguradamente atravessava cenários, milhares de imagens, quilómetros de reviravoltas sem parar. Ia entrando pelas portadas de uma e outra habitação, vagueando por todos os cantos dos corredores, entrando em tantos quartos repletos de capítulos extasiados por tantas e felizes memórias pictográficas… Hoje reviu quadros manchados por uma tristeza que cobriu mais uma casa deste mundo de perdições reais, os discos de vinil tocavam silenciosamente a amargura daquelas lágrimas; saltou, ganhando vida própria, surgiram revoltosamente tornados de melancolias e saiu em fúria na direcção das portadas que ainda abertas fizeram uma enorme corrente de ar, levando tudo o que havia à sua frente, tantos momentos felizes que se estilhaçaram pelo chão, formando-se enigmas pelos mosaicos, situações que serão tão difíceis de voltar a resolver. Saiu, percorrendo em rodopios de fúria os jardins que outrora eram ninhos de declarações preciosas, onde as palavras de tantos amores contavam histórias de sorrisos intensos, lágrimas abençoadas… tantos factores que lhe davam incentivos para continuar a rodopiar sobre o mundo.

Hoje absorve-se, tornando-se num estereótipo de vagabundo que veste a pele de um trovador em sofrimento pela causa da queda de tantos romances. E de que lhe valerá? Seria a boa nova para um outro alguém? Estaria aquela encantada face amargurada à espera da aclamação do palpitar intenso do seu coração? Indecisão! Talvez recusasse esse pensamento, vagueava apenas por um jardim, onde as suas rosas brotavam os seus desejos e lhe falavam dos tempos áureos em que eram símbolos de enorme importância sob anos sem fim. Falava-lhe também do presente e do desejo de um dia voltar a acreditar que aquele espaço tão belo, tão harmonioso, repleto de paixões escondidas, nunca mais seria um cemitério, onde o romance cairia sem piedade. Outrora era o nascimento, no presente era o desenvolvimento de um sentimento muitas das vezes fugaz e sem brilho, e num futuro será renascimento? O vento deixando os suspiros de vassalagem, regressou ao seu estatuto natural deixando a doce terna alma em descanso. Inverteu a sua marcha, sopram agora rajadas de sul para norte…

M.M.

1 comment:

Anonymous said...

Pano de fundo:

Pachebel - Canon in D Major - Classic Guitar